sábado, 26 de março de 2011

Terry Jones, o mundo não-cristão e a queima do Alcorão - Parte I

Por Luciano Borges de Santana

Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é necessário que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! (Mt. 18.7)

Entre os muitos objetivos dos ensinos de Jesus, um era bastante nítido e contrastava com a cultura de muitas pessoas que não conheciam a fé cristã. Cristo era plenamente consciente de que seus seguidores precisavam resplandecer na sociedade e levar os homens a glorificar a Deus pelas boas obras praticadas (Mt. 5.16). Esse ensino tornou-se parte da pregação apostólica e a medida que novo convertidos iam sendo acrescentados à comunhão, estes eram rapidamente instruídos sobre a prática da vivência da fé, de tal forma que a partir da observação do comportamento individual e coletivo dos cristãos, outras pessoas fosse alcançadas pelo poder do evangelho. Em At. 2.47 Lucas afirma que os seguidores de Jesus estavam "caindo na graça de todo o povo". Como consequência direta da vivência plena do evangelho, o texto afirma que todos o dias uma massa de pessoas se convertiam a fé impulsionadas pelo Espírito Santo e pelo comportamento exemplar praticado pela igreja.
Ao mesmo tempo, Cristo sempre procurou deixar claro que o escândalo provocado por uma pessoa traria sobre ela o julgamento divino (Lc. 17.1). Por causa disso ele deu recomendações bastante severas (Mt. 18.6-9) procurando evitar que seus seguidores levassem outras pessoas a ridicularizarem a fé, perderem a salvação ou nunca chegar a se converterem, por alguma atitude questionável ou sem nenhum embasamento bíblico.
O mesmo ensino percorreu toda a geração apostólica, sobretudo, após a conversão dos primeiros gentios. Uma boa parte desses convertidos haviam participado de cultos idólatras, praticado imoralidade sexual ou foram dominados por vícios e pela avareza. Agora salvos e transformados pelo evangelho, se tornaram novas criaturas (II Co. 5.17) e como consequência direta da conversão não podiam mais praticar os antigos pecados, pois agora eram "luz no Senhor" (Cl. 3.5-8). Logo, deveriam mortificar os prazeres carnais (Cl. 3.5-8) e serem vestidos do novo homem (Ef. 4.24). Por sua vez, os escândalos ou qualquer coisa que trouxesse uma censura negativa sobre a fé deveria ser urgentemente evitado. Por isso o apóstolo Paulo advertiu à igreja em Corinto: "Portai-vos de modo que não deis escândalo, nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (I Col 10.32). E mais adiante, escrevendo uma segunda carta à igreja naquela cidade revelou uma preocupação particular que possuía em seu próprio ministério: "Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado" (II Co. 6.7). O "apóstolo dos gentios" sabia que qualquer situação duvidosa em seu ministério levaria o mundo a questionar sua fé e duvidar da pregação do evangelho, algo que havia transformado anteriormente o apostolo, e agora ele próprio, estaria disposto a sofrer "por amor aos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna" (II Tm. 2.10).
No final de julho de 2010 uma notícia causou um enorme mal-estar entre evangélicos, demais cristãos e não-cristão ao redor do mundo. Uma igreja na Flórida (EUA) liderada pelo pastor Terry Jones estava planejando o "Dia internacional da queima do Alcorão", como parte do aniversário de 9 anos dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. A reação de grupos ligados ao islamismo foi rápida e durante a ocasião o porta-voz do Centro de Relações Islamico-Americanos (Cair) chegou a afirmar que uma ação dessa natureza poderia legitimar "ataques contra mesquitas ou contra algum muçulmano nas ruas". A campanha ganhou a internet nos fóruns de debates e redes sociais. Grupos muçulmanos chegaram a afirmar que haveria um banho de sangue caso a ofensa ao livro sagrado do Islã fosse concretizada.
A medida que o 11 de setembro se aproximava o governo norte-americano começou a se preocupar, sobretudo, com a segurança dos norte-americanos no Afeganistão. No dia 07/09/2010 o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, o secretário-geral da OTAN, Anders Figh Rasmussen, o general americano David Petraeus e o porta-voz do Ministério dos Assuntos Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast fizeram diversas declarações sobre a atitude equivocada do pastor Jones, procurando demovê-lo de levar adiante a ideia. Ambos preocupavam-se com as rivalidades que o Islã já possuía com o ocidente e vice-versa. A proposta de Jones assutou um grupo de cristãos da Indonésia, que chegou a enviar uma carta ao presidente Barack Obama temendo o que poderia acontecer no maior país muçulmano do mundo, se a queima do Alcorão ocorresse em 11 de setembro. Outras pessoas também se manifestaram, entre elas o procurador-geral dos EUA, Eric Holder (que chamou o plano de "idiota e perigoso"), o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley (que chamou a ideia de "provocativa, desrespeitosa e intolerante") e o jornal oficial do Vaticano, para quem a queima do Alcorão iria desencadear reações "incontroláveis".
A partir daí a proposta da igreja liderada por Terry Jones começou a ganhar uma projeção muito maior. Insuflada pela mídia, ávida por noticiar deslizes morais, éticos, religiosos ou atitudes questionáveis dos evangélicos em seus relacionamentos sociais, uma avalanche de críticas começou a circular pela internet, generalizando os evangélicos como idiotas, fanáticos, desequilibrados e outros termos impronunciáveis. No dia 08/09/10 manifestaram-se a porta-voz da União Europeia, Catherine Ashton, o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Musa, o Conselho Pontifício do Vaticano para para o Diálogo Interreligioso, o chefe da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama), Staffan de Mistura, duas instituições religiosas egípcias (Al Azhar e Irmandade Muçulmana), o presidente do Conselho de Judeus da Alemanha, Charlotte Knobloch e a atriz  Angelina Jolie. A maioria procurou advertir que a agressão ao livro sagrado do Islã prejudicaria a imagem dos EUA nos países islâmicos e poderia estimular uma onda de violência bastante perigosa.
Qual foi a reação de Terry Jones diante de uma tão volumosa campanha internacional para que ele desistisse de levar adiante sua proposta? Simplesmente afirmou que "nós ainda estamos determinados a fazer isso, sim", em entrevista à rede americana CBS. E como todo líder em evidência acabou trazendo muitos inimigos. No dia 09/09/2010 começaram a ser divulgados inúmeros fatos sobre o passado de Jones, que até então não eram conhecidos diante de sua inexpressiva popularidade. Segundo seus críticos, Jones teve problemas com a justiça na Alemanha, foi acusado de apropriação irregular dos fundos de sua comunidade religiosa no país e motivado por tanta denúncias resolveu se deslocar para os EUA.

terça-feira, 22 de março de 2011

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Sou um professor de História, que ama a profissão, mas ao mesmo tempo lamenta o descaso do Poder Público com o ensino brasileiro. Sou também um cristão evangélico, pentecostal que prega a renúncia ao pecado e a salvação a todos os homens.
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Sou professor da Escola Estadual Pastor Amaro de Sena - Extensão FUNASE/CASE, em Abreu e Lima - PE e da Escola Municipal Poeta Joaquim Cardozo, Recife - PE.
Já lecionei Geografia, Ensino Religioso, História Geral e do Brasil, História de Pernambuco e História do Recife.
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