sábado, 24 de dezembro de 2011

Árvore de Natal é tradição milenar criada por povos pagãos

Já fazem mais de 40 anos que Ralph Woodrow, um conhecido líder evangélico norte-americano, publicou um livro chamado "Babilônia: a Religião dos Mistérios". Nesta obra, Woodrow se propõe a revelar como muitas tradições cristãs não nasceram com a fé dos primeiros discípulos de Jesus, mas se desenvolveram muitos anos depois incorporando elementos das religiões do mundo não-cristão, que se fundiam lentamente com o cristianismo. O livro de Woodrow contém algumas informações questionáveis e o próprio autor, anos depois, se encarregou de produzir um texto negando diversos temas que se encontravam na edição original. 
Quando o final do ano se aproxima, as igrejas evangélicas se deparam com um grande dilema, que disfarçadamente nunca é colocado em "pratos limpos" pelas lideranças religiosas: o cristão deve ou não comemorar o natal? Não apenas Woodrow, mas muitos outros pesquisadores, já procuraram mostrar que não foi o nascimento de Jesus que os cristãos tinham exclusivamente em mente, quando institucionalizaram o dia 25 de dezembro como o dia oficial do nascimento do Salvador. A reportagem abaixo, não pretende esgotar o assunto, muito menos reflete o meu ponto de vista sobre o natal. Afinal de contas: se existe o cristianismo, é porque Cristo nasceu.

A tradição de celebrar o Natal ao redor de uma árvore cheia de enfeites e luzes multicoloridas é um costume de vários séculos entre os povos cristãos, mas sua origem não é cristã: surgiu entre povos pagãos escandinavos e germânicos que, posteriormente, se converteram na Idade Média.
Mas o hábito de usar uma árvore de folhas duradouras como símbolo da fertilidade e vida eterna é muito anterior a estes povos, que o adotaram após a chegada na Europa de antiqüíssimos costumes orientais.
De qualquer forma, foram primeiro os germânicos e depois os escandinavos que criaram a tradição de celebrar o Ano Novo colocando uma árvore na porta de casa ou dentro dela, com a finalidade de afastar os demônios durante todo o ano.
A árvore de Natal tal como a conhecemos hoje é bastante posterior a estes antecedentes. Provém de uma tradição medieval da Alemanha cristã, que consistia em colocar em casa, no dia 24 de dezembro, uma árvore na qual se penduravam maçãs para remeter à árvore do paraíso, da qual Eva tirou o fruto proibido para oferecê-lo a Adão.
O hábito de recordar o pecado original no Natal foi evoluindo ao longo das gerações até que, em determinado momento, surgiu o costume de pendurar nos galhos da árvore ao invés de frutas, biscoitos ou doces em formas diversas, representando a hóstia, símbolo cristão de redenção, e freqüentemente na noite de Natal eram penduradas velas acesas.
Até o século 16, o costume se fundiu com outra tradição secular dos camponeses alemães: o de manter em casa, durante os dias de Natal, uma pirâmide de madeira com estantes onde eram colocadas folhas duradouras, velas e, no topo, uma estrela.
No século 17I, entre os luteranos alemães a árvore adotou a forma e os enfeites da pirâmide, mas foi só no século 19 que a árvore de Natal passou a ser considerada uma tradição.
No entanto, quando isto ocorreu, o antigo costume já havia chegado aos Estados Unidos, levado por colonos alemães, antes mesmo de se espalhar pelo resto da Europa, numa época de grandes migrações estimuladas pela vigorosa expansão do capitalismo americano.
Finalmente, no início do século 20, missionários cristãos europeus levaram a tradição da árvore de Natal para a China, pondo fim a uma viagem milenar.

    SOCA, Ricardo. Árvore de Natal é tradição milenar criada por povos pagãos. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1025232-arvore-de-natal-e-tradicao-milenar-criada-por-povos pagaos.shtml>. Acesso em: 22 dez. 2011.