Respeito! Esta é a palavra da moda! Nunca se falou tanto
sobre diversidade, respeito e tolerância no mundo de hoje. Mas, a que ponto
devemos respeitar e tolerar as ideias de outras pessoas? Qual é o limite desejável
dentro de uma democracia para que o discurso ideológico de um determinado
segmento seja apresentado a sociedade, mas não desperte a ira de outros
militantes? O artigo que se segue, apenas apresenta o ponto de vista dos grupos
cristãos sobre os seus adversários ideológicos, mas deixa claro que algo
precisa ser discutido com urgência, se queremos de fato construir uma sociedade
sem intolerância.
Por Bryana Johnson
DALLAS, 25 de janeiro de
2013 – No início deste mês, 1.067 padres, bispos e abades no Reino Unido
criaram uma grande agitação ao assinarem o que está sendo chamado de uma das mais longas cartas abertas já escritas na história política da
Inglaterra.
A carta foi publicada como
um alerta contra a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esse
evento pode desencadear uma perseguição religiosa contra os católicos, que se
opõem ao casamento homossexual baseado em dogmas de sua fé, segundo a multidão
de sacerdotes.
A carta surge em resposta
ao Primeiro-Ministro britânico David Cameron, que anunciou sua intenção de
passar uma lei legalizando o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Reino
Unido até o fim do mês.
“A complementaridade
natural entre um homem e uma mulher resulta no casamento, visto como uma
sociedade para a vida toda", declararam os sacerdotes no documento. “Essa
união amorosa – devido à sua complementaridade física – está aberta a produzir
e educar filhos. É disso que se trata o casamento. É por isso que o casamento
só é possível entre um homem e uma mulher”.
“A legislação para o
casamento entre pessoas do mesmo sexo, caso seja promulgada, terá muitas
consequências legais, restringindo gravemente a capacidade dos católicos de
ensinar a verdade sobre o casamento em suas escolas, instituições de caridade e
locais de adoração”, acrescentaram. Os signatários da carta representam cerca
de um quarto de todos os sacerdotes católicos na Grã-Bretanha.
Independente da nossa
posição sobre a questão do casamento igualitário, é importante para nós apurar
se essa declaração é ou não fundamentada nos fatos e na experiência coletiva
dos estados e nações que já consagraram o casamento homossexual em lei. É
claro, os direitos e liberdades religiosas dos defensores do casamento tradicional
devem ser protegidos, mesmo com as uniões do mesmo sexo se tornando mais
difundidas e aceitas.
Existe verdade nas palavras
dos sacerdotes britânicos, e deve o povo cristão levar esse alerta em
consideração? Será essa legalização do casamento igualitário a porta de entrada
para uma era de benevolência e harmonia? Ou será meramente um sinal de uma nova
forma de intolerância que se aproxima, um fanatismo de ódio e violência
descarregado sobre a família tradicional e seus defensores?
A questão óbvia é, será que
os opositores do casamento igualitário sofreram perseguição e perderam sua
liberdade religiosa em outros países que adotaram essa redefinição radical do
casamento? A resposta não é nada enganosa. Vejamos um pouco da história
recente.
Tolerância no Brasil
Na semana passada,
católicos membros do Instituto Plínio Correa de Oliveira se reuniram na
cidade de Curitiba para protestar contra o aborto e a ideologia homossexual e
defender a família tradicional. O homossexualismo é legal no Brasil desde 1830 e goza de ampla aceitação.
No entanto, os
manifestantes católicos, que marchavam pacificamente e seguravam cartazes, não
foram recebidos com tolerância e aceitação. Aliás, logo uma multidão irritada
os cercou e começou a gritar ameaças e fazer gestos obscenos. Os católicos
levaram cusparadas, e um deles teve um objeto arremessado na cabeça, causando
um sangramento. Enquanto mostrava a mão ensanguentada diante da câmera, a
multidão comemorava. Esses incidentes foram filmados pelo próprio instituto e
por um espectador simpático
à aglomeração rebelde.
Em 2007, a Associação
Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais (ABGLT)
entrou com vários processos contra
opositores do movimento homossexual no Brasil. Um desses processos visava
websites que haviam acabado de expor o ativista Luiz Mott por sua promoção da
pedofilia e da pederastia.
Outro processo foi movido
contra a psicóloga e terapeuta Rozangela Alves Justino, que fornecia orientação
psicológica e terapia para homossexuais que quisessem mudar sua orientação
sexual. Como o Conselho Federal de Psicologia do Brasil proibia os psicólogos
de realizar terapia reparativa para o homossexualismo, a ABGLT pediu que a
licença de Rozangela fosse revogada.
Há muitos anos atrás, o
escritor cristão pró-vida Julio Severo fugiu do Brasil depois de saber que
teria sofrido uma ação por sua cobertura “homofóbica” da Parada Gay de 2006.
Severo deixou abruptamente o Brasil com a esposa grávida e dois filhos
pequenos. Na ocasião, não havia lei oficial no Brasil criminalizando o
comportamento “homofóbico”.
Em fevereiro de 2009, o
LifeSiteNews noticiou que "o governo brasileiro havia
determinado que 99% de seus cidadãos eram ‘homofóbicos’, e que portanto
deveriam ser reeducados”. De
acordo com o jornal O Globo, o governo federal pretendia utilizar os dados do
estudo para “planejar novas políticas”. Essas novas políticas foram
implementadas em maio de 2012, quando o senado brasileiro aprovou uma lei criminalizando
a ‘homofobia’. (Nota de Julio Severo: Foi aprovada numa comissão, e ainda não
virou lei.)
Em abril de 2012, Julio
Severo entrevistou a psicóloga cristã Marisa Lobo, que
relatou que o Conselho Federal de Psicologia pressionava e aterrorizava
homossexuais que buscavam ajuda para superar sua atração indesejada por pessoas
do mesmo sexo. Marisa
também atacou o Conselho ao questionar o “kit gay” que o governo brasileiro
tentou distribuir aos estudantes das escolas públicas com o propósito de
combater a “homofobia”. Devido ao conteúdo explícito no kit e seu retrato
favorável ao comportamento homossexual, ele foi mais tarde suspenso pela
presidente Dilma Rousseff.
“Quando souberam que eu era
cristã, começaram a me perseguir”, explica Marisa, “como uma psicóloga que se
classifica como cristã, e mais tarde no processo como uma homofóbica, porque
havia dito no Twitter que amava os gays, mas que preferia que meu filho fosse
heterossexual. E ainda não entendo por que o fato de ter uma opinião desperta
violência”.
Parece que a margem de
atividade tolerada no Brasil e bastante estreita, apesar de décadas de
campanhas dos defensores do casamento igualitário contra o “ódio”, o “bullying”
e o “assédio”. E está cada vez mais evidente que as virtudes da família cristã
não estão incluídas no grupo das ideias “toleráveis”.
“Diversidade" e "Liberdade de
Expressão" no Cadadá
O Dia do Canadá em Ontario
no ano passado foi marcado por
um preocupante incidente quando o Rev. David Lynn e um pequeno grupo de amigos
esteve presente à Parada Gay de Toronto. Montando
um pequeno stand em uma esquina com um microfone e uma câmera, Lynn pregou,
conversou com transeuntes e distribuiu bíblias e panfletos, isto é, até que a
polícia de Toronto, usando adesivos LGBT, o interromperam e forçaram a deixar a
área. Ignorando a blasfêmia e o comportamento violento dos participantes
irritados da parada, que insultaram o grupo e jogaram água em Lynn e em seu
cinegrafista, a polícia disse a Lynn que ele estava “promovendo o ódio” e que
deveria sair. Vídeos do incidente podem ser vistos aqui, aqui e aqui.
Parece que apenas algumas
formas de liberdade de expressão são defendidas no Canadá hoje em dia. E
críticas ao homossexualismo, mesmo pacíficas e motivadas por um cuidado
amoroso, não são uma delas.
Quando o Conselho Escolar
do Distrito de Toronto revelou seu novo “currículo anti-homofobia" em 2011
(Desafiando a Homofobia e o Heterosexismo: Da educação infantil
ao ensino médio) muitas
pessoas ficaram compreensivelmente preocupadas. Obviamente, as coisas só
pioraram quando saiu a notícia de que os pais não teriam a opção de retirar
seus filhos do programas, nem mesmo da educação infantil. Professores também
não estavam autorizados a se recusar a ensinar o curso com base em convicções
religiosas.
Parece que apenas alguns
tipos de diversidade são estimulados no Canadá hoje em dia. As virtudes da família cristã
não estão entre eles.
O currículo ensina os
estudantes que “você não pode escolher ser gay ou hétero, mas pode escolher
sair do armário”. No 3º ano, é recomendado aos estudantes ler o livro Gloria
Goes to Gay Pride (Glória Vai à Parada Gay). E os estudantes são incentivados a
fazer sua própria “parada gay” na escola.
Infelizmente, a maioria das
paradas gays é inadequada para crianças da educação básica.
A abordagem perturbadora e
aparentemente totalitária adotada pelo distrito de Toronto é apenas uma amostra
do que virá pela frente, segundo uma ministra da educação no Reino Unido.
Elizabeth Truss, Subsecretária Parlamentar de Estado da Secretaria de Educação, alertou em
novembro que os professores poderiam ser punidos se não ensinassem tópicos a
favor do homossexualismo, caso o governo britânico seguisse em frente com seus
planos de redefinir o casamento.
Mais Exemplos de Amor e Aceitação
A agência de adoção
americana Catholic Charities vem sistematicamente fechando escritórios em
vários estados americanos após uma série de ferozes disputas legais sobre o
direito da agência de se recusar a alocar crianças com casais homossexuais.
Leis similares também forçaram agências filiadas a igrejas na Inglaterra, como
a Catholic Care, a se afastar das igrejas ou fechar as
portas.
Em janeiro de 2012, um juiz de Nova Jersey emitiu decisão em desfavor de uma casa de retiro cristão que não permitiu uma cerimônia de
união civil entre duas pessoas do mesmo sexo no local, argumentando que a
Constituição permite “alguns tipos de intrusão na liberdade religiosa para
equilibrar outros objetivos sociais importantes”. Em setembro passado, um casal gay entrou com uma ação contra duas instituições em Illinois
que se recusaram a acomodar uma cerimônia de união homossexual. Pousadas cristãs, que costumam ser negócios familiares, têm
sido um alvo especialmente visado por ativistas homossexuais para esse tipo de
assédio.
No processo de Ladele e
McFarlane contra o estado do Reino Unido, os requerentes Lillian Ladele e Gary
McFarlaneforam demitidos dos
seus locais de trabalho por se recusarem a realizar trabalhos envolvendo
orientações e uniões homossexuais. Ladele, funcionária de um cartório do Conselho
de Islington, em Londres, “foi punida após pedir para não realizar registros de
uniões homossexuais”. McFarlane é um psicólogo que foi demitido após ter “se
recusado a se comprometer de modo inequívoco em realizar terapias psicossexuais
com casais do mesmo sexo”. Eles apelaram ao Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos, mas o tribunal se recusou a escutar o caso de ambos.
A Importância para o Futuro da Liberdade
Religiosa
“Parece que uma barreira
religiosa foi criada para o mercado de trabalho, com a qual um cristão que
queira agir conforme suas crenças religiosas quanto ao casamento não será mais
capaz de trabalhar em muitos ambientes”, comentou Andrea Williams, Diretora do
Centro Judicial Cristão.
Isso certamente é uma
declaração trágica, e que sinaliza uma resposta sombria à pergunta sobre se a
legalização do casamento gay irá resultar na perda de liberdade religiosa.
Obviamente é injusto que ativistas homossexuais esperem que pessoas de fé
joguem fora suas crenças e seus ideais tão estimados. Mas esses ativistas
realmente se fazem odiosos para as pessoas civilizadas ao tentarem forçar
dissidentes a violar seus códigos morais e suas consciências e endossar ou
promover um estilo de vida que eles consideram repulsivo.
Se o objetivo da
legalização do casamento homossexual é, como escutamos tantas vezes, o de
erradicar a intolerância e o radicalismo, seus ativistas deveriam se alarmar ao
saber que seus esforços foram completamente malsucedidos. No entanto, por mais
chocante que possa parecer, os defensores do casamento homossexual estão
provando repetidas vezes que só defendem a tolerância de um único ponto de
vista, e que só acreditam na proteção de único tipo de expressão: a própria.
Johnson, Bryana. Poderá o
casamento igualitário resultar em perseguição religiosa? Disponível em: http://juliosevero.blogspot.com.br/2013/01/podera-o-casamento-igualitario-resultar.html>.
Acesso em 31 jan. 2013.