Ao anoitecer do dia 08/07/2014, resolvi transpor para o papel
alguns sentimentos e coisas estranhas que ocorreram ao longo desse dia. A
derrota para a Alemanha não será esquecida tão cedo.
Por Luciano Borges de Santana
O dia 08/07/2014 começou de forma estranha. eu
e minha esposa perdemos a hora e saímos tarde demais para levar Isaelane Borges
e Iasmin Borges para uma consulta marcada com a Dra. Vera Brandão, num
consultório em Camaragibe. Como resultado direto do atraso, outras seis
consultas já estavam esperando o atendimento antes de nós. Para deixar tudo
mais grave, a médica atrasou a chegada em aproximadamente 40 minutos. Durante a
espera para o atendimento, Iasmin Borges não parava quieta, subia e descia nas
cadeiras, não colaborava, não obedecia e fazia muita pirraça. Depois de um bom
tempo de espera fomos chamados e a minha filha mais nova continuava bagunçando,
chamando a atenção o tempo todo. O primeiro embate do dia terminou por volta
das 14h00 da tarde, após recomendações diversas e algumas receitas para a
aquisição de remédios (sempre) caríssimos.
Na volta para São Lourenço da Mata, foi a
vez do carro me irritar. Na ida a Camaragibe já tinha observado um forte cheiro
de gasolina dentro do veículo, provável sinal de que a tampa do combustível não
foi adequadamente fechada em algum abastecimento. Parei em um posto de
combustível e tratei de abastecer o carro, mas fazendo algumas recomendações ao
frentista sobre a maneira correta de travar aquela tampa. Cheguei em casa.
Almocei e me preparei para o jogo do Brasil. Estava animado, afinal, os
jogadores que poderiam entrar em campo já haviam anteriormente demonstrado
muita garra nos jogos anteriores da Seleção. Mas, bastou a bola rolar que
algumas coisas estranhas começaram a acontecer.
O time começou o jogo dando a falsa
impressão de que iria com tudo. Mas, após uma falha de marcação na cobrança de
um escanteio veio o primeiro gol alemão. Até aí tudo bem, visto que a Alemanha
não era um time qualquer. Assim, era possível ir para cima, empatar e ganhar a
partida. Entretanto, minutos depois a Alemanha fez o segundo gol e numa
sequência incrível de perdas de bolas, passes trocados equivocadamente e uma
defesa batendo cabeça, os germanos ampliaram para o terceiro e o quarto gol.
Tudo aquilo era inacreditável. De forma
bastante natural, levei as mãos à cabeça sem entender como a Seleção de “cinco
estrelas no peito” havia chegado a um momento como aquele. Parecia mais um
treinamento, onde os alemães estavam jogando contra uma Seleção Sub-21 ou um
time de várzea qualquer. Tudo ficou muito mais estranho, quando a Alemanha fez
o quinto gol, para a perplexidade do narrador Galvão Bueno e de toda a imprensa
mundial. O primeiro tempo acabou com o placar elástico de 5 a 0 para a Alemanha.
Durante o intervalo, fui para a internet e, no site do Globoesporte.com já era possível
observar diversas piadas e zoeiras que viralizavam pela rede. No Facebook,
irmãos, familiares, amigos, alunos e ex-alunos estavam perplexos diante de tudo
aquilo. Um estranho mal-estar e um sentimento sem graça já tomava conta de mim.
E tudo se tornou mais difícil quando o segundo tempo começou.
Algumas modificações no time e a Seleção
começou com tudo. Uma reação era necessária e um gol de honra diminuiria o
vexame. Mas, os chutes a gol eram bem defendidos pelo goleiro alemão, como se
tudo conspirasse para o Brasil perder aquele jogo e naquelas circunstâncias. O
drama aumentou quando a Alemanha fez o sexto e o sétimo gol. Um vexame
histórico e um resultado que jamais será esquecido pela atual geração de
brasileiros. Faltando ainda alguns minutos, o Brasil fez o seu gol de honra e
logo depois o jogo acabou, não sem antes a Alemanha assustar e quase fazer o
oitavo gol. No placar um sonoro 7
a 1, surpreendendo até mesmo os jogadores alemães, que
durante as entrevistas não escondiam o assombro diante daquele resultado. Após
presenciar as lágrimas dos jogadores em campo, voltei novamente para a
internet. Entre decepções, zoeiras e muita reclamação, não faltaram opiniões
insensíveis, apressadas e extremamente questionáveis.
Tentei me desligar da Copa do Mundo e enchi
as bolas para a festa de aniversário de Iasmin Borges, que iríamos realizar com
um dia de antecedência, aproveitando o feriado por causa do jogo do Brasil.
Entre vivas, felicidades, sorrisos e presentes pairava uma sensação estranha no
ar, como se a derrota da Seleção também fizesse parte do meu cotidiano. Após o
fim da festa levei meus pais e alguns familiares para casa. Pelas ruas era
possível notar a tristeza no rosto das pessoas e aquelas que esboçavam alguma
comemoração, faziam isso sem aquela graça e alegria costumeira. A derrota do
Brasil não havia mexido apenas comigo.
Se a derrota da
Seleção irá abrir os olhos dos dirigentes do futebol brasileiro, só o futuro
responderá essa questão. A vida é feita de alegrias e tristezas, vitórias e
derrotas, momentos bons e ruins. Para quem professa a fé evangélica todas as
coisas nesta vida são passageiras, sobretudo, porque os nossos olhos estão
voltados para as realidades eternas. O apóstolo Paulo escrevendo aos coríntios
afirmou o seguinte: “não
atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as
que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas.” (II Co.
4.18). Portanto, o dia 08/07/2014 ficará na memória coletiva
desta geração, mas bola pra frente, porque amanhã teremos que encarar o batente
de novo.
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