Ao ser questionado sobre os rumos, a natureza, os objetivos e os
meios utilizados nas manifestações de junho/julho do ano passado, na maioria
das ocasiões preferi ficar calado. Sabia que por trás de qualquer manifestação
pública existe muito mais do que uma mera pauta de reivindicações. Mas, o
momento exigia apenas que observasse. A imprensa brasileira teceu loas aqueles
manifestantes. Foi muito curioso ouvir personalidades dos telejornais comunicar
que estavam ocorrendo manifestações pacíficas com pessoas invadindo
propriedades públicas e impedindo o livre direito de ir e vir dos demais cidadãos.
Por outro lado, também se percebeu uma mudança na tonalidade do discurso a
medida que as manifestações prosseguiam junho adentro. No início, aqueles que
partiam para a quebradeira eram chamados de manifestantes mais "exaltados'.
No final, passou a existir uma distinção entre manifestante pacíficos e vândalos
destruidores.
No meios acadêmicos tudo entrou no pacote. Professores marxistas
elogiavam os manifestantes e faziam questão de afirmar que o movimento tinha um
caráter apartidário. Não faltaram aqueles que no meio de suas observações
colocaram na pauta dos manifestantes todos os pecados não resolvidos nos 50 mil
anos da história do Brasil. Entretanto, não foi raro observar que muitos jovens
ao concluírem seus gritos de guerra, procuravam os shoppings para se
confraternizar com Coca-Cola e pizzas ou observar os novos modelos de smartphones
e tablets disponíveis no mercado.
Mas, eu desconfiava também que muitos daqueles jovens, buscavam os
holofotes da mídia internacional que acabara de chegar ao Brasil por ocasião da
Copa das Confederações. E muitos deles apareceram. Da mesma forma que os
"cara pintadas" nos anos 90, que até hoje acreditam que são os
responsáveis pela renúncia do ex-presidente Fernando Collor, muitos daqueles
cidadãos apoiarão seus candidatos ou serão candidatos nas eleições desse ano. Como
se pode observar na reportagem que se segue, muitos deles já entraram nos
tradicionais partidos políticos.
Mas, a generalização é um pecado que tem derrotado a
credibilidade de muitos acadêmicos. Muitos daqueles que foram as ruas,
desejavam ardentemente um país mais justo, menos corrupto e mais transparente. Vamos
esperar para ver se o desejo deste segmento vai se concretizar nas urnas.
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