Em um momento do seu ministério, o Senhor Jesus Cristo em Jo. 15.18-21
afirmou o seguinte: "Se o mundo odeia vocês, lembrem que ele me odiou primeiro. Se
vocês fossem do mundo, o mundo os amaria por vocês serem dele. Mas eu os
escolhi entre as pessoas do mundo, e vocês não são mais dele. Por isso o mundo
odeia vocês. Lembrem do que eu disse: 'O empregado não é mais importante do que
o patrão'. Se as pessoas que são do mundo me perseguiram, também perseguirão
vocês; se elas obedeceram aos meus ensinamentos, também obedecerão aos
ensinamentos de vocês. Por causa de mim, essas pessoas vão lhes fazer tudo isso
porque não conhecem aquele que me enviou." E não é que desde a minha conversão atravesso situações dessa
natureza. Na família, no Ensino Médio, na Universidade e enquanto educador. Se
você também se sente perseguido por suas convicções, tidas como
"conservadoras", "direitistas" ou "reacionárias",
analise o artigo que se segue. Ele foi escrito por Luiz Felipe Pondé, pernambucano,
filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia
pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap.
Por Luiz Felipe Pondé
Muitos alunos de universidade e ensino médio
estão sendo acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São
reprovados em trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões
ideológicas obrigam esses jovens a "fingirem" que são marxistas para
não terem resultados ruins.
Estamos entrando numa época de trevas no
país. O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é
maior. Vejamos.
No cenário geral, desde a maldita ditadura,
colou no país a imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só
analfabeto em história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima
da ditadura. Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso
deve ser apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu
muito bem porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da
liberdade, quando na realidade é extremamente autoritária.
Nas universidades, tomaram as ciências
humanas, principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito
de pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem
conhecer como "estudo do meio" é a realidade do MST, como se o mundo
fosse feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade
empresarial como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem,
sacrificariam um Shylock por dia.
Estamos entrando num período de trevas. Nos
partidos políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase
totalidade. Só há partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o
que é normalíssimo) e do "pântano". Não há outra opção.
A camada média dos agentes da mídia também é
bastante tomada por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do
credo em questão.
Artistas brincam de amantes dos "black blocs" e se
esquecem que tudo que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que
brincar de simpatizante de mascarado vende disco.
Em vez do debate de ideias, passam à
violência difamatória, intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma
suposta santidade política e moral que a história do século 20 na sua
totalidade desmente. Usam táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente
antes de tudo pela redução dele ao silêncio, apostando no medo.
Mesmos os institutos culturais financiados
por bancos despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra
a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com
a violência "revolucionária".
Além da opção dos bancos por investirem em
intelectuais da seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora
dos departamentos de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas
de jovens não crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.
Logo quase não haverá resistência ao ataque
à democracia entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe,
mas erguida por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento
possível contra a seita.
E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas
mãos de professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que
acuam os não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a
crença "cubana", muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado
pelo autoritarismo de colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou
das instituições de ensino, criando impasses cotidianos como invasão de
reitorias e greves votadas por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria
de viver sua vida em paz.
Muitos desses movimentos são autoritários,
inclusive porque trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não
crentes. Pura truculência ideológica.
Como estes não crentes não formam um grupo,
não são articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários
faz um estrago diante da inexistência de uma resistência organizada.
Recebo muitos e-mails desses
jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de humanas por
não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.
Fonte: PONDÉ, Luiz Felipe. Eu
acuso. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2013/11/1366183-eu-acuso.shtml>.
Acesso em: 9 jan. 2014.
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