O artigo que se segue não agradará a todos, principalmente aqueles
que, supostamente, defendem o ensino público através de seus discursos.
Por Rodrigo Constantino
“Fui
hoje cedo à reunião com os pais na escola da minha filha, uma das mais fortes
aqui no Rio. Escuto o diretor enaltecer a meritocracia. Afinal, trata-se de uma
escola puxada, conhecida por sua cobrança bastante rígida.
Enquanto
aguardava o começo da reunião, li a matéria no jornal O GLOBO sobre um sistema de parceria
que leva até cursos bilíngues para os alunos da rede de ensino estadual. Ótimo,
pensei. Mas qual não foi minha surpresa ao saber que o Sindicato Estadual dos
Profissionais da Educação (Sepe) condenava a iniciativa!
Para
o Sepe, este tipo de medida cria uma “elite” dentro do ensino público, e isso é
inadmissível. Pior: pode levar a uma espécie de privatização do ensino, pois as
entidades privadas que fazem as parcerias acabam tendo alguma voz interna, e
isso ameaça o feudo dos professores sindicalizados. Eis o que diz o coordenador
do Sepe, Alex Trentino:
A
consequência é que são criadas escolas pretensamente de elite, melhores que as
outras, com mais investimento, o que é exatamente o contrário do conceito de
uma educação que deveria ser igual para todos. Brigamos para que se invista nas
escolas que são mais carentes. E por mais que se diga que a iniciativa privada
não faça a gestão da escola, sempre há interferência.
A
coordenadora do Dupla Escola, que adotou a parceria, Maria Aparecida Pombo
Freitas, rebate:
Das
vagas que oferecemos, 90% são reservadas para alunos da própria rede pública. E
o fato de haver um processo de seleção não deixa de ser uma preparação para o
que aquele jovem vai encontrar mais à frente, em exames como o Enem.
Pois
é. O mundo é meritocrático, ainda bem! Mas o que
dizer de professores que combatem a meritocracia?
Ao
pegar o carro para vir ao escritório, escuto na CBN propaganda justamente do
Sepe, que realizará protestos hoje na Cinelândia. O motivo da passeata, logo o
primeiro oferecido? Combater a meritocracia!
Que
país louco é esse? Como podemos ter esperança no futuro da nação quando os
próprios professores do sindicato são os primeiros a condenar a meritocracia?
Isso é a ditadura da mediocridade! A visão igualitária marxista transportada
para dentro das salas de aula (valeu, Paulo Freire!). É quase um crime!
Dez
em cada dez pessoas mencionam a educação como a solução para nossos males. Mas
esquecem de perguntar: qual educação? Jogar mais recurso público neste modelo
atual, dominado por sindicatos com esta mentalidade, é a receita certa… do
fracasso!
Pela
lógica “igualitária” dessa gente, Oxford, Harvard e Yale jamais existiriam,
pois seriam “elitistas” demais e, afinal, nem todos podem estudar lá. Ou seja,
em nome da igualdade plena, acabamos com uma “mediocracia”: todos iguais
nivelados por baixo. Isso só pode ser a idealização da inveja dos piores.
Como
disse Thomas Sowell, muito frequentemente o ingrediente chave para o aumento
explosivo do ressentimento está na ascensão de uma “intelligentsia” preocupada
com comparações invejosas em vez de o bem-estar geral.
Sowell
lembra que é impossível ensinar a todos no mesmo ritmo, a menos que tal ritmo
seja reduzido para acomodar o menor denominador comum. É isso que o Sepe deseja
para nosso ensino? Que, em nome da igualdade, a melhor escola e os melhores
alunos tenham de ser sacrificados até alcançarem o mesmo nível dos piores?
Levando
esta “lógica” adiante, para o país como um todo, então as (raras) boas escolas
públicas no Rio e em São
Paulo seriam injustas, uma vez que há escolas no interior do
Piauí que jamais terão o mesmo desempenho. O que o Sepe está esperando para
condená-las em nome da igualdade?
Confesso
que é um dos maiores sentimentos de tristeza que tenho, viver em um país onde
professores abertamente condenam a meritocracia. Meu desejo é que essa turma
fosse toda para Cuba (eu até ajudo na passagem só de ida), e deixasse por aqui
os melhores professores, aqueles que não temem a concorrência entre
eles mesmos e entre alunos e escolas.
Só
quer abolir a livre concorrência quem odeia o sucesso alheio. E, no processo,
ao dar asas à inveja, o grande sacrificado é o próprio aluno, impedido de dar o
melhor de si para não “ofender” os demais. Uma cultura dessas não pode parir um
país desenvolvido. Jamais!
Fonte: CONSTANTINO, Rodrigo.
Professores contra a
educação: o socialismo no ensino público. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/professores-contra-a-educacao-o-socialismo-no-ensino-publico/>.
Acesso em: 20 fev. 2013.
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