quarta-feira, 9 de julho de 2014

Copa do Mundo FIFA 2014: Brasil 1 x 7 Alemanha: Um dia que começou estranho!

Ao anoitecer do dia 08/07/2014, resolvi transpor para o papel alguns sentimentos e coisas estranhas que ocorreram ao longo desse dia. A derrota para a Alemanha não será esquecida tão cedo.

Por Luciano Borges de Santana

O dia 08/07/2014 começou de forma estranha. eu e minha esposa perdemos a hora e saímos tarde demais para levar Isaelane Borges e Iasmin Borges para uma consulta marcada com a Dra. Vera Brandão, num consultório em Camaragibe. Como resultado direto do atraso, outras seis consultas já estavam esperando o atendimento antes de nós. Para deixar tudo mais grave, a médica atrasou a chegada em aproximadamente 40 minutos. Durante a espera para o atendimento, Iasmin Borges não parava quieta, subia e descia nas cadeiras, não colaborava, não obedecia e fazia muita pirraça. Depois de um bom tempo de espera fomos chamados e a minha filha mais nova continuava bagunçando, chamando a atenção o tempo todo. O primeiro embate do dia terminou por volta das 14h00 da tarde, após recomendações diversas e algumas receitas para a aquisição de remédios (sempre) caríssimos.
Na volta para São Lourenço da Mata, foi a vez do carro me irritar. Na ida a Camaragibe já tinha observado um forte cheiro de gasolina dentro do veículo, provável sinal de que a tampa do combustível não foi adequadamente fechada em algum abastecimento. Parei em um posto de combustível e tratei de abastecer o carro, mas fazendo algumas recomendações ao frentista sobre a maneira correta de travar aquela tampa. Cheguei em casa. Almocei e me preparei para o jogo do Brasil. Estava animado, afinal, os jogadores que poderiam entrar em campo já haviam anteriormente demonstrado muita garra nos jogos anteriores da Seleção. Mas, bastou a bola rolar que algumas coisas estranhas começaram a acontecer.
O time começou o jogo dando a falsa impressão de que iria com tudo. Mas, após uma falha de marcação na cobrança de um escanteio veio o primeiro gol alemão. Até aí tudo bem, visto que a Alemanha não era um time qualquer. Assim, era possível ir para cima, empatar e ganhar a partida. Entretanto, minutos depois a Alemanha fez o segundo gol e numa sequência incrível de perdas de bolas, passes trocados equivocadamente e uma defesa batendo cabeça, os germanos ampliaram para o terceiro e o quarto gol.
Tudo aquilo era inacreditável. De forma bastante natural, levei as mãos à cabeça sem entender como a Seleção de “cinco estrelas no peito” havia chegado a um momento como aquele. Parecia mais um treinamento, onde os alemães estavam jogando contra uma Seleção Sub-21 ou um time de várzea qualquer. Tudo ficou muito mais estranho, quando a Alemanha fez o quinto gol, para a perplexidade do narrador Galvão Bueno e de toda a imprensa mundial. O primeiro tempo acabou com o placar elástico de 5 a 0 para a Alemanha.
Durante o intervalo, fui para a internet e, no site do Globoesporte.com já era possível observar diversas piadas e zoeiras que viralizavam pela rede. No Facebook, irmãos, familiares, amigos, alunos e ex-alunos estavam perplexos diante de tudo aquilo. Um estranho mal-estar e um sentimento sem graça já tomava conta de mim. E tudo se tornou mais difícil quando o segundo tempo começou.
Algumas modificações no time e a Seleção começou com tudo. Uma reação era necessária e um gol de honra diminuiria o vexame. Mas, os chutes a gol eram bem defendidos pelo goleiro alemão, como se tudo conspirasse para o Brasil perder aquele jogo e naquelas circunstâncias. O drama aumentou quando a Alemanha fez o sexto e o sétimo gol. Um vexame histórico e um resultado que jamais será esquecido pela atual geração de brasileiros. Faltando ainda alguns minutos, o Brasil fez o seu gol de honra e logo depois o jogo acabou, não sem antes a Alemanha assustar e quase fazer o oitavo gol. No placar um sonoro 7 a 1, surpreendendo até mesmo os jogadores alemães, que durante as entrevistas não escondiam o assombro diante daquele resultado. Após presenciar as lágrimas dos jogadores em campo, voltei novamente para a internet. Entre decepções, zoeiras e muita reclamação, não faltaram opiniões insensíveis, apressadas e extremamente questionáveis.
Tentei me desligar da Copa do Mundo e enchi as bolas para a festa de aniversário de Iasmin Borges, que iríamos realizar com um dia de antecedência, aproveitando o feriado por causa do jogo do Brasil. Entre vivas, felicidades, sorrisos e presentes pairava uma sensação estranha no ar, como se a derrota da Seleção também fizesse parte do meu cotidiano. Após o fim da festa levei meus pais e alguns familiares para casa. Pelas ruas era possível notar a tristeza no rosto das pessoas e aquelas que esboçavam alguma comemoração, faziam isso sem aquela graça e alegria costumeira. A derrota do Brasil não havia mexido apenas comigo.
Se a derrota da Seleção irá abrir os olhos dos dirigentes do futebol brasileiro, só o futuro responderá essa questão. A vida é feita de alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, momentos bons e ruins. Para quem professa a fé evangélica todas as coisas nesta vida são passageiras, sobretudo, porque os nossos olhos estão voltados para as realidades eternas. O apóstolo Paulo escrevendo aos coríntios afirmou o seguinte: “não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas.” (II Co. 4.18). Portanto, o dia 08/07/2014 ficará na memória coletiva desta geração, mas bola pra frente, porque amanhã teremos que encarar o batente de novo.

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