segunda-feira, 27 de junho de 2011

A imprensa secular e o seu olhar sobre os evangélicos


Por Luciano  Borges de Santana

Fica difícil compreender porque quase sempre os evangélicos são ridicularizados pela mídia como pessoas reacionárias ou conservadoras, se a própria mídia secular reage de forma truculenta ou se mostra conservadora em suas convicções, quando as confronta com as opiniões ou o modo de viver da comunidade evangélica. Um exemplo claro dessa postura foi o artigo postado por Gilberto Dimenstein no Folha.com em 24/06/2011. Sob o título "São Paulo é mais gay ou evangélica", Dimenstein apresentou algumas pérolas profundamente questionáveis. Ao afirmar a discutível ideia de que "os gays não querem tirar o direito dos evangélicos" provocou uma infeliz conclusão ao dizer que "a parada evangélica [a Marcha para Jesus] não respeita os direitos dos gays". Mais adiante outra questionável afirmação: "A parada evangélica tem um ranço um tanto raivoso, já que, em meio à sua pregação, faz ataques a diversos segmentos da sociedade".
A afirmação de que os evangélicos são contra os "direitos dos gays" é uma falácia habilmente articulada por Dimenstein. Sabemos que qualquer cidadão protegido pela Carta Constitucional do país tem o direito de livremente defender suas convicções. Não encontro um evangélico nesse país proibindo os homossexuais ou seus simpatizantes de defenderem o que acreditam. Todavia, existe uma grande diferença quando se trata de defender o que acredito e impedir os demais cidadãos de criticarem minhas escolhas ou de não concordarem com os meus comportamentos. E este é um dos motivos porque não aceitamos as imposições do PLC 122/06: ele não concede simples direitos, mas cria uma classe social privilegiada e isenta até mesmo de críticas, subtraindo o direito dos outros segmentos sociais de discordarem das práticas homossexuais. Ademais, considerar que a parada evangélica tem um "ranço" e a parada gay usa a "alegria para falar e se manifestar" é puro preconceito. Basta para isso analisar os discursos de representantes da comunidade gay e facilmente se perceberá que a afirmação de Dimenstein não tem fundamento algum.
Outra pérola foi a comparação grotesca entre as duas paradas no que tange ao envolvimento político-partidário. Para Dimenstein a Marcha para Jesus é um evento que mistura religião e política, onde diversos líderes políticos com inúmeras contas a acertar com a justiça, discursam como se fossem paladinos da ética. Não negamos o envolvimento de pastores no mundo da política ou a corrupção de muitos parlamentares que se dizem evangélicos. Mas afirmar que na Parada Gay "não há esquemas políticos nem partidários", como explicar a sociedade as presenças de Marta Suplicy, José Serra, Gilberto Kassab, José Genoíno e tantos outros que inclusive usam esse momento não apenas para se identificarem com o movimento e/ou defenderem suas bandeiras, mas, sobretudo, se projetarem eleitoralmente? 
Respeito as convicções de Gilberto Dimenstein e considero que ele é livre para defender o que quiser, mas diferentemente das conclusões que ele chegou, prefiro a atitude dos evangélicos, que sabem respeitosamente discordar de seus adversários e jamais irão cair na tentação de forçar os homens a acreditar no evangelho que batalhamos, defendemos (Jd. 1.3b) e procuramos viver na sociedade.

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