quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dos protestos de rua para a vida partidária

Ao ser questionado sobre os rumos, a natureza, os objetivos e os meios utilizados nas manifestações de junho/julho do ano passado, na maioria das ocasiões preferi ficar calado. Sabia que por trás de qualquer manifestação pública existe muito mais do que uma mera pauta de reivindicações. Mas, o momento exigia apenas que observasse. A imprensa brasileira teceu loas aqueles manifestantes. Foi muito curioso ouvir personalidades dos telejornais comunicar que estavam ocorrendo manifestações pacíficas com pessoas invadindo propriedades públicas e impedindo o livre direito de ir e vir dos demais cidadãos. Por outro lado, também se percebeu uma mudança na tonalidade do discurso a medida que as manifestações prosseguiam junho adentro. No início, aqueles que partiam para a quebradeira eram chamados de manifestantes mais "exaltados'. No final, passou a existir uma distinção entre manifestante pacíficos e vândalos destruidores.
No meios acadêmicos tudo entrou no pacote. Professores marxistas elogiavam os manifestantes e faziam questão de afirmar que o movimento tinha um caráter apartidário. Não faltaram aqueles que no meio de suas observações colocaram na pauta dos manifestantes todos os pecados não resolvidos nos 50 mil anos da história do Brasil. Entretanto, não foi raro observar que muitos jovens ao concluírem seus gritos de guerra, procuravam os shoppings para se confraternizar com Coca-Cola e pizzas ou observar os novos modelos de smartphones e tablets disponíveis no mercado.
Mas, eu desconfiava também que muitos daqueles jovens, buscavam os holofotes da mídia internacional que acabara de chegar ao Brasil por ocasião da Copa das Confederações. E muitos deles apareceram. Da mesma forma que os "cara pintadas" nos anos 90, que até hoje acreditam que são os responsáveis pela renúncia do ex-presidente Fernando Collor, muitos daqueles cidadãos apoiarão seus candidatos ou serão candidatos nas eleições desse ano. Como se pode observar na reportagem que se segue, muitos deles já entraram nos tradicionais partidos políticos.
Mas, a generalização é um pecado que tem derrotado a credibilidade de muitos acadêmicos. Muitos daqueles que foram as ruas, desejavam ardentemente um país mais justo, menos corrupto e mais transparente. Vamos esperar para ver se o desejo deste segmento vai se concretizar nas urnas.



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